Há alguns dias dois meteoros caíram na Terra e ainda estão causando
muito alvoroço nos terráqueos. Um deles, em sua queda, além dos estragos
materiais, deixou cerca de 500 pessoas feridas na região dos Montes Urais na
Rússia, devido à violenta onda de choque causada pelo impacto com o nosso
planeta. Em relação ao outro meteoro, é impossível dizer se está causando mais
estragos ou mesmo se trará benefícios. Mas literalmente falando, não há um
segundo meteoro, apenas usei a linguagem figurada para descrever o grande
impacto que o papa Bento XVI, líder da Igreja Católica Romana, causou ao anunciar
sua renúncia no próximo dia 28. Em quase seiscentos anos, esta é a primeira vez
que um papa renuncia ao cargo. O último a fazer isso foi Gregório XII, em 1415.
Em um comunicado, o papa disse estar consciente da dimensão do seu gesto e que
sua renúncia se deu por livre e espontânea vontade. A motivação principal de
sua decisão teria sido a falta de vigor físico para liderar 1,2 bilhão de
católicos no mundo, causada pela idade avançada e a saúde debilitada. A
imprensa, por sua vez, bombardeia os meios de comunicação afirmando que a
renúncia seria motivada pelas denúncias de promiscuidade, homossexualismo, corrupção
e disputa de poder envolvendo membros da alta cúpula do Vaticano ou ligados a
ela.
A
queda do meteoro na Rússia e a renúncia do papa tem sido um prato cheio, não
somente para imprensa, mas também para a escatologia (doutrina das coisas que
devem acontecer no fim dos tempos, no fim do mundo), e para os profetas e
adivinhadores de plantão. A igreja, atenta aos acontecimentos dos últimos dias
tem sentido que a vinda a vinda do nosso Senhor Jesus Cristo está mais próxima.
Nada melhor do que eventos de grande repercussão, especialmente a renúncia do
papa, para nos fazer acordar e nos tirar do secularismo e a consequente inércia
para as coisas que estão acontecendo ao nosso redor. E quando fatos importantes
acontecem, somos sacudidos pela realidade de sermos pó, apenas um vapor que
aparece por um pouco, e depois se desvanece (Tg 4:14). O resultado é que
voltamos ao evangelho com uma leitura mais cuidadosa dos acontecimentos que
deverão ocorrer antes da vinda do nosso Senhor; temos mais sede de orar e a
nossa oração passa a ser mais prolongada, sentimos mais atenção com o nosso
Deus. Até a frequência na igreja aumenta. Enfim, nos tornamos mais crentes. Mas
fica a pergunta: até quando precisaremos dos avisos de Deus para nos sensibilizar
da iminência do seu retorno a fim de buscar a sua noiva? E quando o Senhor não
tiver mais nenhum aviso para nós porque já é chegado o tempo de sua volta?
Estaremos prontos para este grande acontecimento?
Os
cientistas dizem que a Terra é bombardeada com frequência por toneladas de material
cósmico. Entretanto, os meteoros costumam ocorrer em locais desabitados - a
maior parte do planeta - e muitos dos corpos que se chocam com a Terra não
resistem à pressão da atmosfera e se desintegram antes de cair em solo, sem que
sejam percebidos pelas pessoas. Fazendo uma analogia, a maior parte do planeta
são as outras pessoas atingidas e que não percebemos os estragos causados em
suas vidas. A pressão atmosférica que desintegra os meteoros é o escudo de Deus
e seus anjos que nos protegem de muitas tragédias, mas não de todas. Em nossas
vidas também somos bombardeados por pequenos meteoros que não percebemos e muitas
vezes precisamos de um meteoro maior para nos impactar e ficarmos preparados para
a vinda do nosso Salvador ou mesmo para a nossa ida até Ele. Que estejamos
vigilantes.
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