O
Papa veio ao Brasil. E num país, onde no último censo do IBGE as estatísticas
indicaram que há 123 milhões de católicos (ainda que muitos apenas nominais), o
que representa 64% da população, foi uma visita que teve uma força maior que em
qualquer outro país. É bem verdade que esse percentual vem diminuindo, não
somente pelo aumento da indiferença a qualquer religião, mas também pelo
descrédito de alguns líderes religiosos e sobretudo, pelo crescimento das
igrejas evangélicas. Mas após a visita do Papa Francisco, parece haver um
renovo da fé católica. Com um carisma capaz de causar inveja ou admiração a
qualquer líder político ou religioso e uma mensagem de humildade e esperança que
atinge o coração dos seus fiéis e até mesmo de seguidores de outras religiões, Sua
Santidade tem arrebanhado, ou melhor, trazido muitas de suas ovelhas de volta
ao aprisco católico.
Paralelamente à visita do Papa,
aconteceu no Rio de Janeiro, a Jornada Mundial da Juventude - Rio 2013, cujo
lema foi: “Ide e fazei discípulos entre todas as nações” (Mateus 28:19). O
entusiasmo e a alegria dos jovens que participaram desse evento foram dignos de
nota. E foi também direcionado aos jovens que o Papa, em sua homilia na missa
celebrada no Santuário de Aparecida/SP, fez uma afirmação que eu seguramente assinaria embaixo. Ele disse: "É verdade que hoje, mais ou
menos todas as pessoas, e também os nossos jovens, experimentam o fascínio de
tantos ídolos que se colocam no lugar de Deus e parecem dar esperança: o
dinheiro, o poder, o sucesso, o prazer. Frequentemente, uma sensação de solidão
e de vazio entra no coração de muitos e conduz à busca de compensações, destes
ídolos passageiros".
Vejo também que há um esforço louvável do líder maior
da Igreja Católica em impedir que seus fiéis o vejam como um ídolo, mas que o
vejam como um homem que, assim como todos os demais, comete erros e precisa de
orações. Sem dúvida eu assinaria embaixo no seu discurso, isso se pudéssemos
considerar apenas o trecho citado. Infelizmente, seu discurso completo demonstra
que algo mais precisa ser dito. Ao tratar de ídolos, o Papa esqueceu que a
lista inclui outros deuses e deusas que estão entranhados no catolicismo, que
se colocam escandalosamente no lugar de Deus e desviam o olhar do homem carente
de fé e esperança para esses ídolos que não tem poder nenhum para escutar
orações. Só Deus é onisciente, ninguém mais. (Salmo 62:11). Como escutar o clamor de milhões de pessoas sem ter esse poder?
E não adianta somente ter um discurso
de humildade, mudar o trono dourado por uma cadeira de madeira, andar em carro
aberto, visitar favelas, beijar criancinhas, tomar cafezinho com os empregados,
almoçar em lata de goiabada, ou mesmo tirar o tapete vermelho. Isso, qualquer
homem é capaz de fazer, especialmente políticos em época de campanha eleitoral.
Não adianta somente citar o dinheiro, o poder, o sucesso, o prazer, como ídolos
de uma humanidade corrompida, é preciso dizer a lista toda (Salmo 115). Não
adianta somente moralizar a cúria romana, entregar os pedófilos ou mesmo abrir
o diálogo com outras religiões.
Sem nenhuma presunção em ensinar o
que Sua Santidade já deve saber de cor e salteado, baseado na Palavra de Deus, a
mesma crida pelo catolicismo, o que precisa ser feito é romper com as tradições
(Mateus 15:3), com a idolatria (1 Coríntios 10:14), que o catolicismo insiste
em dizer que não o é, mesmo que claramente haja orações, procissões (Isaías
45:20) e templos erguidos para adorar, isso mesmo, adorar a criatura e não o
criador (Romanos 1:25). Não adianta mudar a periferia, enquanto a essência, o
centro não for mudado. E mudar o centro é dar o centro das atenções
exclusivamente ao Filho de Deus, Jesus Cristo, nosso Salvador, “porque dele e
por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente.
Amém. (Romanos 11:36). Enquanto isso não acontecer, a mensagem do novo Papa vai
ser apenas mais uma mensagem.
Que sejamos como o Apóstolo Paulo: “E, enquanto
Paulo os esperava em Atenas, o seu espírito se comovia em si mesmo, vendo a
cidade tão entregue à idolatria”. (Atos 17:16).